
A adolescência caracteriza-se por ser um período de construção de valores sociais e de interesse por problemas éticos e ideológicos. O adolescente aspira à perfeição moral e expressa um grande altruísmo, o que frequentemente origina revoltas por descobrir que a sociedade não se coaduna com os valores que defende. O facto de possuir novas capacidades cognitivas de reflexão e abstracção ir-lhe-á permitir elaborar mentalmente hipóteses, debater ideias e confrontar opiniões, construindo uma teoria própria da realidade. A moralidade tem sido estudada por vários psicólogos, quer do ponto de vista afectivo (Psicanálise), quer do ponto de vista comportamental, como do ponto de vista cognitivista (Piaget e Kohlberg). Piaget, ao analisar o desenvolvimento moral, colocou em relevo a importância dos pares no processo de socialização, defendendo que a relação de obediência da criança com o adulto favorece o desenvolvimento de uma moral heterónoma. É através da cooperação entre pares que a criança se tornará capaz de uma moral autónoma. Isto porque, por mais que o adulto procure compreender o ponto de vista da criança e procure estabelecer uma comunicação de igual para igual, as relações entre eles permanecem hierarquizadas, propiciando apenas o respeito unilateral da criança para com o adulto. As relações entre crianças, ao contrário, propiciariam a descentração (cada um se tornará capaz de se colocar no lugar do outro) e surgiriam os sentimentos de reciprocidade e de respeito mútuo, elementos indispensáveis para a autonomia.
Ao contrário da maior parte das explicações sociais e psicológicas, que considerariam a internalização de valores da sociedade como o ponto terminal do desenvolvimento moral (perspectivas de Durkheim, Freud e do behaviorismo), para Kohlberg a maturidade moral seria atingida quando o indivíduo fosse capaz de entender que a justiça é diferente da lei, que algumas leis existentes poderiam ser moralmente erradas e deveriam ser modificadas. Todo o indivíduo seria potencialmente capaz de transcender os valores da cultura em que foi socializado, ao invés de incorporá-los passivamente.